Dirigido por Hilton Lacerda
Elenco: Fonte Imdb
Recife, 1978, ditadura militar. A trupe teatral "Chão de Estrelas", que realiza shows repletos de deboches e nudez é liderada pelo versátil Clécio Wanderley (Irandhir Santos). A principal estrela do show é Paulete (Rodrigo Garcia), com quem Clécio mantém um relacionamento. Um dia, Paulete recebe a visita de seu cunhado Fininha (Jesuíta Barbosa), que é militar. Logo ele é seduzido por Clécio e os dois começam a viver um tórrido relacionamento.
Transgressão parece ser a palavra de ordem no atual cenário do cinema mundial, e essa violação dos ditos "bons costumes" está sendo revelada através da representação da sexualidade. Por mais que a sociedade tente se mostrar avançada, na prática, não é bem assim. Ainda nos deparamos com uma grande repreensão a tudo que foge dos padrões tradicionais.
A ousadia desse filme, também vindo do belíssimo cinema pernambucano, nos remete ao sexo perturbador elucidado na obra de Claúdio Assis, a exemplo de: "A Febre do Rato", "Amarelo Manga" e "Baixio das Betas", todos roteirizados por Hilton Lacerda. Em "Tatuagem", a violência tão presente nos filmes de Assis dá lugar ao amor, mas o atrevimento está lá, para nosso deleite, mais marcante do que nunca.
A fórmula é a seguinte: censura, um teatro cabaré e a paixão do seu diretor por um militar. O que impressiona? A forma leve com que o filme conduz toda essa situação. O que decepciona? A falta de densidade, ou seja, por vezes tive a sensação que algo precisava ser melhor conectado, ficou vago, raso.
As cenas de sexo são atrevidas, bem ao estilo Almodoviano (pausa para um longo suspiro). Não sei se propositadamente, mas parece que não houve nenhuma intenção de focar nas relações homossexuais, o grande lance está na exaltação da liberdade, na valorização do ser livre.
Não posso, de forma alguma, terminar esse post sem antes comentar a interpretação absurda, soberba e assombrosa de Irandhir Santos, quanto talento. Lindo de se apreciar, já o considero um dos grandes talentos dessa geração.
Posso citar uma das cenas mais memoráveis que vi, no nosso cinema, quando Clécio chama Paulete para conversar, os dois sentam no chão, encostados em velho armário e resolvem colocar os "pingos nos is"... É arte saindo pelos poros.
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