segunda-feira, 20 de julho de 2015

Tatuagem (2013)

Tatuagem
Dirigido por Hilton Lacerda
Elenco: Fonte Imdb 

Recife, 1978, ditadura militar. A trupe teatral "Chão de Estrelas", que realiza shows repletos de deboches e nudez é liderada pelo versátil Clécio Wanderley (Irandhir Santos). A principal estrela do show é Paulete (Rodrigo Garcia), com quem Clécio mantém um relacionamento. Um dia, Paulete recebe a visita de seu cunhado Fininha (Jesuíta Barbosa), que é militar. Logo ele é seduzido por Clécio e os dois começam a viver um tórrido relacionamento.  


Transgressão parece ser a palavra de ordem no atual cenário do cinema mundial, e essa violação dos ditos "bons costumes" está sendo revelada através da representação da sexualidade. Por mais que a sociedade tente se mostrar avançada, na prática, não é bem assim. Ainda nos deparamos com uma grande repreensão a tudo que foge dos padrões tradicionais.

A ousadia desse filme, também vindo do belíssimo cinema pernambucano, nos remete ao sexo perturbador elucidado na obra de Claúdio Assis, a exemplo de: "A Febre do Rato", "Amarelo Manga" e "Baixio das Betas", todos roteirizados por Hilton Lacerda. Em "Tatuagem", a violência tão presente nos filmes de Assis dá lugar ao amor, mas o atrevimento está lá, para nosso deleite, mais marcante do que nunca.


A fórmula é a seguinte: censura, um teatro cabaré e a paixão do seu diretor por um militar. O que impressiona? A forma leve com que o filme conduz toda essa situação. O que decepciona? A falta de densidade, ou seja, por vezes tive a sensação que algo precisava ser melhor conectado, ficou vago, raso. 

As cenas de sexo são atrevidas, bem ao estilo Almodoviano (pausa para um longo suspiro). Não sei se propositadamente, mas parece que não houve nenhuma intenção de focar nas relações homossexuais, o grande lance está na exaltação da liberdade, na valorização do ser livre.


Não posso, de forma alguma, terminar esse post sem antes comentar a interpretação absurda, soberba e assombrosa de Irandhir Santos, quanto talento. Lindo de se apreciar, já o considero um dos grandes talentos dessa geração. 

Posso citar uma das cenas mais memoráveis que vi, no nosso cinema, quando Clécio chama Paulete para conversar, os dois sentam no chão, encostados em velho armário e resolvem colocar os "pingos nos is"... É arte saindo pelos poros.





quinta-feira, 16 de julho de 2015

Livre (2014)

Wild
Dirigido por Jean-Marc Vallée


Após a morte de sua mãe, um divórcio e uma imersão no mundo das drogas, Cheryl Strayed (Reese Whiterspoon), resolve mudar de vida e se arrisca numa longa caminhada rumo ao autoconhecimento. Ela se aventura em uma trilha de 1770 km pela costa do oceano Pacífico.


E aqui nos deparamos com mais um filme inspirado em fatos reais, na safra de 2014. "Livre" é um road movie extraído da biografia de Cheryl Strayed, que em 1955, aos 20 e poucos anos, encara o desafio de fazer, a pé, os mais de 1.500 km da famosa Pacific Crest Trail.

A historia é contada em forma de flashbacks, é como se estivéssemos dentro do consciente da personagem e são essas recordações que dão ritmo ao filme, que o sustentam.


Antes de "Livre" aparecer nas telonas, ele chegou a ser comparado com o "Na Natureza Selvagem", o que considero um insulto, nada a ver!! E sim, estou sendo bem passional - Into the Wild está, seguramente, no meu top 5 em se tratando de road movies (lindo, lindo, lindo).

Existem alguns pilares que sustentam o filme, e isso é inquestionável. Podemos partir da premissa básica mesmo, poxa, complicado manter o expectador atento durante quase duas horas no "mergulho' solitário de uma personagem - e isso o filme consegue cumprir com louvor. Temos uma fotografia belíssima e extremamente bem explorada pela direção. E, por último, mas não menos importante, destaco a trilha sonora, ela consegue transmitir toda a melancolia e o drama de Cheryl, no entanto, não chega aos pés da trilha de "Na Natureza Selvagem" - Eddie Vedder, meu amor!!! (vish, extrapolei todos os limites da  passionalidade num único post, sorry). 


Sobre Reese? Fez um trabalho consistente, a atriz conseguiu se encaixar muito bem e alcança o objetivo proposto. O argumento é bom, mas em alguns momentos bem lugar-comum, mas não chega a ser piegas.

Road movies sempre me apetecem, uns menos, outros mais...Esse ficou no meio do caminho.








segunda-feira, 13 de julho de 2015

O Amor é Estranho (2014)

Love is Strange
Dirigido por Ira Sachs
Elenco: Fonte Imdb 

Depois que Ben (John Lightgow) e George (Alfred Molina) se casam, George é demitido do seu cargo de professor, forçando-os a viver separadamente na casa de amigos, pois precisam vender o apartamento em que viviem para pagar dívidas. Essa situação provoca intensas mudanças na vida de todos os envolvidos.


"O Amor é Estranho" não tem absolutamente nada de estranho, muito pelo contrário, o amor é amor! E mais uma vez nos deparamos com os entraves de uma sociedade preconceituosa e recheada de estereótipos que caaaansam...

O roteiro não surpreende, como disse, o filme é recheado com os mais ridículos clichês da vida real, afinal o mundo não é tão colorido como a bandeira que simboliza o movimento gay, infelizmente.


O deleite ficou por conta das atuações soberbas do John Lightgow e do Alfred Medina. Que casal sinérgico, que coisa bonita de apreciar! É lindo acompanhar cada troca de olhar, cada gesto, cada sentimento expressado. Lindo!

Estamos acostumados a vermos casais super jovens e belos em filmes de temática gay, e o fato de termos protagonistas maduros, nos leva para uma outra dimensão. 



O filme é sensível e tem uma direção bem consistente. A fotografia também chama a atenção, ela é refrescante e jovial, um belo truque de contrastes. 

A mensagem que fica, é de um casal que tenta superar todas as barreiras, inclusive, a mais cruel de todas - a distância - com muito amor, pois apesar do título, o amor é  sempre amor.







quinta-feira, 9 de julho de 2015

Um Santo Vizinho (2014)

Um Santo Vizinho
Dirigido por Theodore Melfi
Elenco: Fonte Imdb


Meggie (Melissa McCarthy) é uma mãe solteira, que se muda com seu filho adotivo Oliver (Jaeden Lieberher), para uma casa ao lado do veterano de guerra Vincent (Bill Murray). Um dia quando Oliver fica trancado para fora de casa, Vincent se oferece para cuidar do menino, a partir desse momento, apesar de Vincent não ser a pessoa mais indicada para essa tarefa, surge uma amizade que mudará a vida dos dois.


Um filme em que temos o Bill Murray na pele de um viciado em apostas de cavalos, falido, alcoólatra e ranzinza, não tem como dar errado, né?
E não deu mesmo, apesar de seu enredo ser bem lugar-comum, pois já nas primeiras cenas é possível sacar o que o filme irá nos revelar.
Essa previsibilidade não compromete em nada, pois "Um Santo Vizinho" consegue entreter e comover, posso garantir!


O elenco é repleto de estreantes - e isso é apenas um fato. O que impressiona mesmo é a interpretação de Naomi Watts, que se reinventa ao viver uma prostituta russa e grávida. Ela está impagável, irreconhecível, demorou para cair a ficha, é algo tipo: pera aí...é a Naomi Watts???. E olha que não sou nem um pouco fã da moçoila.


Bom, mesmo sem um roteiro bem refinado, o filme mantém um ritmo bem agradável, além, é claro, da presença e do sarcasmo do Bill Murray, que é sempre genial. 








terça-feira, 7 de julho de 2015

Cake - Uma Razão Para Viver (2014)

Cake - Uma Razão Para Viver
Dirigido por Daniel Barnz
Elenco: Fonte Imdb 

O filme conta a história de Claire (Jannifer Aniston), que fica fascinada pelo suicídio de uma jovem, integrante de um grupo de apoio a dor crônica, do qual participa. Os detalhes dessa tragédia ajudam a protagonista a lidar com suas questões pessoais.


Esqueçam tudo o que vocês viram com a Jennifer Aniston nos últimos dez anos, esqueçam! A atriz surpreende e comprova que sabe mandar bem no drama.
Chata, ranzinza, vazia, indiferente a qualquer gesto de afeto, nos deparamos, aqui, com a versão feminina do Dr. House.

O motivo de tanta tristeza? Ela perdeu seu único filho em um acidente. Este mesmo acidente a deixou cheia de cicatrizes externas e internas, também.


Mais algo decepciona, uma vez que nos deparamos com uma produção bem mediana, o que é uma pena, o roteiro e a direção não conseguem acompanhar a atuação primorosa da atriz. Acho que o filme tentou driblar alguns clichês, que neste caso, se faziam necessários.

A opção de não detalhar exatamente o que aconteceu, me parece ter gerado uma grande lacuna - que precisava ser preenchida - e olha que não sou adepta à previsibilidade, longe de mim! 

Talvez, essa seja a explicação mais plausível para justificar a ausência do longa nas principais premiações.


Bom, não vamos apenas nos apegar às questões técnicas, ok? Vale a pena conferir "Cake", gostei da ausência de vaidades, o filme nos comove em alguns momentos, além de nos surpreender pela elenco bem escolhido e suas belas interpretações. Existe uma boa pitada de humor negro -e isso me apetece bastante!








segunda-feira, 6 de julho de 2015

O Homem Duplicado (2013)

Enemy
Dirigido por Denis Villeneuve
Elenco: Fonte Imdb 


Baseado no livro homônimo de José Saramago, "O homem Duplicado" nos apresenta ao professor de história Adam Bell (Jack Gyllenhaal) que, ao assistir um filme banal, descobre a existência de um ator chamado Anthony Claire, que é exatamente igual a ele. Obcecado pelo fato, Adam se envolve numa trama arriscada que pode mudar a sua vida.


Pode até parecer estranho, mas às vezes me delicio com um filme ao longo de sua duração, no entanto, quando as letrinhas sobem, nada muda, tudo fica igual. Essa sensação, definitivamente, não se aplica a este longa. Acho extraordinária a capacidade de um filme ficar ecoando em nossas cabeças por algum tempo. 


Que Saramago é um gênio, isso todos nós sabemos, e talvez o fato do filme ser baseado em sua obra já nos causa uma grande expectativa. Mas, provavelmente, sem a direção primorosa do Villeneuve não teríamos um resultado tão positivo. É digna a forma com que ele conduz as cenas, pois o enredo é cercado por uma atmosfera que beira à paranoia, o diretor se utiliza de uma técnica fantástica - a impressão que temos é que os personagens estão sempre sendo observados.

Mais uma vez destaco a atuação de Gyllenhaal - rasguei a seda para ele, recentemente, pela sua atuação em "O Abutre", o moço dá um show de interpretação, sobretudo ao contracenar com ele mesmo.
O filme é interessante, inteligente e atrevido. Este aqui é um daqueles que ficam martelando, é um daqueles que daria um bom debate, é um daqueles que eu adoro...